Carnis Levali: a importância de soltar-se às alegrias

A EXPIRAÇÃO MÁXIMA DA NOSSA SOCIEDADE: CARNAVAL

As palavras escritas agora vêm de um lugar de encantamento, desde criança, pela alegria revelada no período do Carnaval.

O Carnaval no hemisfério sul ocorre no verão, estação que nos impulsiona a celebrar, ir para fora, tamanha expansão da natureza. É fácil imaginar e promover cenas ao ar livre, refrescar-se nas águas e se divertir. Como essa festa combina com o Brasil!

O outro rito era realizado pelo rei no período próximo ao equinócio da primavera (no hemisfério norte), um momento de comemoração do ano novo na Mesopotâmia. O ritual ocorria no templo de Marduk, um dos primeiros deuses mesopotâmicos, onde o rei perdia seus emblemas de poder e era surrado na frente da estátua de Marduk. Essa humilhação servia para demonstrar a submissão do rei à divindade. Em seguida, ele novamente assumia o trono.

O que havia de comum nas duas festas e que está ligado ao Carnaval era o caráter de subversão de papéis sociais: a transformação temporária do prisioneiro em rei e a humilhação do rei frente ao seu deus. 

A lógica que regia as festas da Antiguidade era a mesma para o Carnaval na Europa da Idade Média e Moderna:  o mundo de cabeça para baixo. Sendo assim, tratava-se de um período de inversão proposital da ordem, portanto, as restrições das vidas das pessoas eram abolidas, e os papéis que existiam naquela sociedade, invertidos.

A festa celebrada no Brasil contou com a influência africana, trazendo inspirações que vão das batidas de tambores que resultaram em ritmos como samba às vestimentas coloridas, com máscaras, usadas no festival de carnaval de Calabar, na Nigéria. Ainda há muitos desdobramentos do samba, como samba-rock, bossa nova, samba de roda e samba-enredo. Esse último fez a ponte direta das religiões africanas com o Carnaval de hoje que, a partir do século XX, foi oficializado com apoio governamental.

A celebração chegou ao povo indígena, com os Caciques do Garcia e Apaxes do Tororó, que até então não tinham ligação com a festa de Carnaval e tornaram-se referência de musicalidade, tocando a bateria no chão, em um turbilhão de encontros culturais, em Salvador, na Bahia.

Na nossa escola, o Carnaval é celebrado com grande alegria. Este ano temos a novidade de formar blocos, com temas relacionados ao estudo da época, todos envolvidos no samba enredo escritos por estudantes do Ensino Médio de uma escola irmã, a Escola Waldorf Veredas. O uso de máscaras e fantasias que no dia a dia não ousamos expor, dão um toque especial à celebração. Os primeiros anos recebem em sala um teatro de mesa, em ambiente mais recolhido, sem antes deixar de ver o cortejo passar à distância.

Em cinquenta minutos que mais parecem uma eternidade, podemos experimentar outras normas de conduta para que, após tamanha expansão, possamos encontrar a introspecção proposta na Quaresma, que propõe o recolhimento que se inicia no outono. Para que haja o recolhimento na Quaresma, é necessário que exista o ir para fora proposto no Carnaval. A palavra Carnaval é originária do latim, carnis levale, cujo significado é “retirar a carne”. Esse sentido está relacionado ao jejum que pode ser realizado durante a Quaresma, marcando o final do Carnaval na Quarta-Feira de Cinzas.

Helena Würker

Mestre em Educação: Currículo PUC/SP

Professora de Classe da EWRS

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